22 de fev. de 2010

Entrevista com Corey e Shawn na Revolver: Abril/09

Corey e Shawn deram uma entrevista para a revista Revolver em Abril desse ano junto com Claudio Sachez do Coheed and Cambria, e Matt Heaffy do Trivium, para comentar a parceria das três bandas na turnê do All Hope is Gone.

Scans:

* Scan 1
* Scan 2

* Scan 3


Welcome To Our Neighborhood

Slipknot apresenta seus novos companheiros de turnê: Coheed and Cambria e Trivium.

Se tem algo que o Slipknot odeia é ser previsível. Em todos os passos da carreira eles surpreenderam os fãs com alguma coisa inesperada, excitante e na maioria das vezes, perigosa. No começo o simples fato de ter 9 pessoas no palco já era chocante o suficiente, mas conforme o tempo foi passando e a popularidade do Slipknot cresceu, eles tiveram que achar novas maneiras de deixar as pessoas incrédulas. Então eles mudaram as máscaras e construiram percussões hidráulicas perigosas que sobem e uma plataforma de bateria que chega a ficar de cabeça para baixo com apenas um cinto segurando o baterista Joey Jordison de cair no chão.

Quando era a hora de montar a turnê para 2009, o Slipknot quis surpreender de novo os maggots e planejaram algo que fosse chocar e talvez inspirar os fãs.

"Os shows ficam chatos quando são bandas do mesmo estilo o tempo todo." diz Shawn. "Se você coloca três bandas de metal juntas não fica tão bom"

Com um pouco de pesquisa, o Slipknot descobriu que a banda com inspiração de ficção cientifica e emo-prog Coheed and Cambria estavam procurando uma turnê e eles eram os candidatos perfeitos para essa variedade.

"Eu me lembro da primeira vez que ouvi Coheed e pensei 'nossa quem são eles?'" diz o vocalista Corey Taylor. "A música que eles fazem é muito boa e muito diferente, não tem nem como descrever."

Depois de escolher uma das bandas de abertura, o Slipknot quis uma banda de metal pra completar o ciclo, mas alguém diferente. Então eles escolheram os companheiros de gravadora Trivium. Uma semana antes da turnê começar em St. Paul (Minessota), a Revolver se encontrou com Corey, Shawn, o vocalista do Coheed and Cambria Claudio Sanchez e o do Trivium, Matt Heaffy pra conversar sobre essa união.

O que te deu a idéia de juntar bandas tão diferentes?
Shawn: Quando você faz tantas turnês como nós já fizemos, você quer mudar as coisas. Não por razões egoístas, mas pelos fãs. Eu me lembro de ser criança e ir em shows no LollaPalooza, onde tinham bandas de vários gêneros juntos. E eu acho que essa é a melhor maneira de dar pras pessoas tipos diferentes de arte, assim eles vão para casa com um potencial o mais positivo possível.

Claudio, você teve algum receio inicialmente em sair em turnê com uma banda pesada como o Slipknot?
Claudio: Na verdade não, o Chris (Pennie) nosso baterista tinha me mostrado algumas coisas do Slipknot e eu achei muito bom. Então eu saí de férias com a minha noiva e o vídeo de Psychosocial apareceu na TV e aquilo me ganhou. E é essa música que eu estou escutando sempre. Ela fica no 'repeat' e tem algo sobre ela que me prende. Por isso pensamos 'porque não?'. Sempre gostamos de fazer coisas diferentes.

Slipknot, Coheed and Cambria e Trivium são bandas muito diferentes. Existem elementos que vocês todos tem em comum?
Corey: Todos fazemos o tipo de música que a gente quer sem se importar com as críticas, e acho que isso é uma das melhores coisas dessa turnê. Essas três bandas trazem uma sensação de 'danem-se as regras e essa merda toda'

Claudio: Sempre queremos agradar as pessoas que vem nos apoiando faz tanto tempo, mas temos sorte porque os fãs do Coheed and Cambria sempre aceitam algo diferente e procuram um progresso pra te empurrar pra frente.


"Essas três bandas trazem uma sensação de 'danem-se as regras e essa merda toda'"
Corey Taylor

Nos Estados Unidos é surpreendente ver uma banda como o Coheed and Cambria tocando com uma banda de metal, mas na Europa esse tipo de festival com metal, pop e grupos de hip-hop tocando juntos é bem comum e ninguém olha torto.
Shawn: Sim, eu acho que comecei a querer esse tipo de turnê de verdade depois que começamos a tocar em festivais. Tocamos nos festivais Reeding e no Leeds (Inglaterra) e eu pude ficar no palco e ver o show do Queens of The Stone Age, e teve o Rage Against The Machine antes de nós, aí nós tocamos e depois veio o Placebo. Eu acho que funciona na Europa porque todo mundo vai nesses festivais pra ter as mentes preenchidas com todas essas coisas diferentes.

Você Acha que os Europeus tem uma visão diferente sobre o metal em comparação com os americanos?
Matt Heafy: Eu acho que é mais como os Estados Unidos versus o resto do mundo. Não existem divisões tão grandes pela Europa entre os gêneros e é isso que deixa as bandas arriscarem porque junta as pessoas de diferentes estilos. Não é questão de elite onde você vai "Ei, você não pode gostar disto porque você não é do metal". Os Estados Unidos tem todos os tipos conhecidos de metal, os nomes e os tipos fazem com que as pessoas se classifiquem como se fossem plantas ou lagartos. Mas quando não temos essas barreiras ou divisões em uma turnê como essa, o show vai progredir.

Claudio, você acha que alguns fãs o discriminam por não te acharem "do metal" o suficiente?
Sanchez: As vezes. Eu estou trabalhando num novo material e meu irmão é fã de metal e tem a cabeça meio fechada. Então eu toquei algumas demos pra ele, e e não tem vocais em cima das melodias, mas ele ouviu e disse "Nossa, eu estou gostando, mas você vai estragar assim que começar a cantar."

Corey: (risos) Mas que merda cara.

Sanchez: Eu o amo cara, ele é brutalmente honesto. Mas sempre tem um elemento no que você faz que te diferencia das outras coisas, depende de como cada pessoa escuta eu acho. E pra mim, eu continuo fazendo o que eu gosto e espero que isso cresça nas pessoas que talvez não gostaram logo de cara.

Por causa da diversidade dessa turnê você acha que os jovens vão ficar com a mente mais aberta pra novos sons?
Corey: Eu espero que sim. Sempre disse que o metal tem um potencial pra ser gostado por muita gente. Os fãs são muito apaixonados, e se eles conseguirem ver através das bandas que eles amam e abrir a mente, eles podem ultrapassar muitas e muitas barreiras musicais.

Bandas como o Slipknot e o Lamb of God seriam consideradas inapropriadas para o mercado 20 anos atrás, mas agora parece que ser extremo virou um requisito.
Shawn: Eu só acho que as bandas verdadeiras estão fazendo um ótimo trabalho e eles não ligam para as coisas patéticas que algumas pessoas dizem. Por isso é um requisito ser assim, nós vivemos em tempos pesados, pessoas são extremas. Existem coisas assim acontecendo o tempo todo pelo mundo e tem uma arte boa e pesada que ajuda todo mundo.

Todos vocês tem feitos turnês praticamente sem descanso. Isso é essencial para o mercado musical de hoje em dia?
Corey: Bom, é assim que costumava ser. Por mais modernos que a gente seja, nosso foco sempre foi 'faça o trabalho." Nós começamos em 1999 e não paramos por 10 anos. Infelizmente, parece que muitas bandas acham que assim que ficam famosos e assinam um contrato o trabalho acabou. Eles acham que apenas merecem o sucesso. Então eles não se esforçam mais pra sair e contruir uma base de fãs. E agora a gente vê essas bandas sumindo e as bandas que trabalharam ficam por aqui por mais tempo. E eu acho que as pessoas estão notando isso e voltando a ter ética.

"Eu tinha 13 anos quando entrei nessa banda, então praticamente tudo que aconteceu na minha vida, aconteceu nessa banda enquanto eu tocava."
Matt Heafy

Matt, qual é a importância da turnê para o Trivium?
Matt: Pra mim, a turnê é tudo. Eu tinha 13 anos quando entrei nessa banda, então praticamente tudo que aconteceu na minha vida, aconteceu nessa banda enquanto eu tocava. É tudo que eu sei e tudo que eu quero fazer e é a melhor maneira de ganhar novos fãs. Tenho certeza que 90% das pessoas nessa turnê do Slipknot não nos conhece, e vai ser muito bom mostrar a todos eles o que fazemos de melhor.

"Nós temos sorte porque os fãs do Coheed and Cambria sempre aceitam algo diferente"
Claudio Sanchez

Você gosta de sair em turnê?
Shawn: Eu odeio. Fico tão entediado que quero dar um tiro na cabeça. Mas tenho que concordar que aparentemente é tudo que eu sei fazer. E pelo jeito vou fazer isso até virar pó. Mas uma coisa eu digo, não entrei nisso pra fazer discos, entrevistas ou clipes. Eu entrei nisso pela performance ao vivo, pra parar a minha dor. E depois de 10 anos fazendo isso, eu melhorei bastante, todos sabemos como é difícil ficar em turnê e como isso pode te afetar mas eu preciso disso. Quando eu estou no palco, as luzes acendem e eu vejo meus irmãos, escuto aquelas notas e sinto aquela dor, eu sei que nasci pra isso. Só não queria ficar tanto tempo longe de casa pra fazer.

Corey: Quando fazemos uma turnê, os primeiros 6 meses são o ápice pra mim, depois disso começa a pesar. Fazer a turnê pelos Estados Unidos é mais fácil porque você não se sente tão longe. Mas quando você vai pra lugares como Austrália ou Japão - qualquer lugar que tem um dia inteiro entre você e sua família - é aí que começa a te afetar. E ser pai dificulta muito isso. Estou fazendo turnê desde que meu filho nasceu, então ele sabe que quando vou trabalhar, vou ficar longe um tempo.

A sensação de estar no palco compensa as dores de ficar na estrada?
Sanchez: Sim e não. Tem momentos de claridade em que você pensa 'é por isso que eu estou aqui.' mas com certeza tem momentos que você queria estar comemorando outra coisa com outras pessoas. Eu mal posso esperar pra entrar em turnê mas ao mesmo tempo não estou nada empolgado em deixar minha noiva pra trás.

Haffy: Eu sou uma pessoa que gosta de rotina, eu gosto de acordar sempre no mesmo horário e fazer tudo na minha casa que é minha zona de conforto e você perde tudo isso quando esta em turnê. Você nunca sabe como seu camarim vai ser ou o banheiro mais perto ou até o que você vai comer naquele dia. As pessoas precisam saber que a turnê não é um mar de rosas, mas é por isso que eu e o Paolo (Gregoletto, baixista) fiacmos viciados em sair e conhecer os lugares. Tento descobrir o máximo possível sobre o lugar, visitar os restaurantes, os museus ou as atrações locais que cada cidade tem e isso faz o dia passar mais rápido. Mas quando você sai do palco já está tudo fechado e você precisa dormir em um caixãozinho no ônibus. Mas é assim que funciona.

Shawn, como você se sente sobre ter que cair na estrada de novo nessa turnê?
Shawn: Tudo que eu posso dizer é que o Slipknot se tornou isso, essa experiência de tolerância, e isso vai acontecendo e acontecendo e ficando cada vez mais difícil, todo mundo quer desistir mas todos acabam ficando. E fica louco e frustrante e está ficando definitivamente mais violento e insano. Mas é estranho porque eu nunca me diverti tanto quanto agora. E também, saber que eu posso pegar um Greyhound e chegar em casa por $69 dólares sem ter que voar durante 11 horas pelo oceano faz eu me sentir melhor, então eu mal posso esperar.

* Thanks to Opium of the People for the scans , and SlipknotBr

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