14 de fev. de 2010

Clown: "Quando coloquei a máscara, senti algo muito profundo e espiritual"






Recentemente o percussionista Shawn Crahan realizou uma entrevista com o site Cybresse.ca:

De forma eficaz durante 15 anos na cena do metal, a banda americana Slipknot não tem equivalente. Em primeiro lugar por sua música, um autêntico muro de som, além disso, por suas artes cênicas, incluindo as máscaras personalizadas, macacões de trabalho e números de identificação.

Ante essa implantação de astúcia, muitos gritam manobra de marketing. Onde está a verdade?

“Tudo isso não existiria se não fosse para apoiar a música” (Confirma o Clown da banda, Shawn Crahan, quem aceitou tirar a máscara para explicar melhor suas origens).


Como parte do processo artístico do Slipknot desde sua criação, as máscaras, através dos anos, sofreram numerosas transformações.

Desde 1995, cada tour da banda foi motivo de renovar este acessório controverso do palco.

Enquanto para muitos é uma fofoca sem interesse destinado a atrair mais o público impressionável, para outros é mais uma cortina de fumaça que elimina o sentido da responsabilidade da banda em relação à sua música. Segundo Shawn Crahan, é muito ao contrário disso.

“Aqueles que afirmam que nos escondemos por trás das máscaras, realmente não entendem nada! Quando você procura o êxito a todo custo, a primeira coisas que deixa pública, é o seu rosto. No entanto, optamos por usar máscaras. Vimos que esse gesto tem um significado mais profundo, que quer dizer Slipknot, e não um assunto individual. Se quiséssemos ser Rockstars, teríamos feito de outra maneira! Embarcamos nisso para fazer uma criação. E mesmo assim, não está aberto a debate... É a minha vida depois de tudo!”






Ao investigar um pouco mais a fundo as origens das máscaras do Slipknot, rapidamente entendemos porquê Clown as defende com tanta paixão. Foi o primeiro a desenvolver uma afinidade deste acessório.

“Toda essa história começa comigo, uma criança única, com dificuldades de inclusão social. Não era nenhum sóciopata, mas nunca gostei de grandes multidões. Ao mesmo tempo, tinha algo a dizer...”

O descobrimento de uma máscara de palhaço em sua adolescência, teve um efeito extremamente forte no percussionista de 39 anos, o mais iluminado dos nove músicos da banda por artes visuais.

“Cresci por mim mesmo, aliado somente com o meu quarto e a minha imaginação. Mais tarde comecei com a poesia e a música. Mas não me interessa o que eu fiz, não gosto de chamar atenção. Aos 14 anos achei a máscara do palhaço. Quando a coloquei, senti algo muito profundo, algo espiritual.”

Muito rapidamente, essa máscara se tornou algo essencial em suas atuações como músico.

“Eu a colocava na minha bateria quando tocava. Nessa época, no entanto, não estava pronto pra usá-la em um show. Quando fundei o Slipknot, era outra história. A levava constantemente em nossos ensaios. Na véspera do nosso primeiro show, me perguntei se eu podia levar a máscara para dar um apoio na música. Da minha parte, estava óbvio: Vou levar minha máscara de palhaço. Alí, Joey era o único que entendia exatamente o que isso representava pra mim. Os outros se opuseram às máscaras que levei a eles. No entanto, isso não era nenhum capricho. Com a ajuda do Joey, finalmente convencemos os outros, que estiveram de acordo em usar as máscaras que também os representam.”



A atração de Clown
Para o percussionista Shawn Crahan, o personagem de palhaço é uma fascinação constante. Por quê?

“Porque o palhaço é um imenso idiota, que não se preocupa nada com o que você sente. É um pouco do que eu sinto. Não me exibo pra você no palco, mas para mim mesmo. Essa atitude que adotei durante tanto tempo, agora faz parte de mim.

Em alguma parte, a máscara de palhaço me permitiu encontrar a mim mesmo. O palhaço tem a capacidade de dizer o que quer. Meu palhaço me ajuda e me permite projetar exatamente o que quero quando estou no palco.”

A concepção das máscaras.
Que processo há por trás da concepção das máscaras?

“Minha máscara original de palhaço era um acessório de cinema. Houve um certo número delas em circulação. Então, um belo dia quis ir mais longe. Queria algo que refletisse mais a música e que fosse mais representativa com meus atributos pessoais. Assim que começamos a ter dinheiro, contratamos a Screaming Mad George (uma empresa de efeitos especiais).

Nós mesmos desenhamos nossas máscaras no papel, mas chamamos esses profissionais para a concepção. É um processo muito longo, que começa com moldes em argila. A partir daí, são criadas as máscaras em látex, onde são incluídos todos os acessórios relacionados com nossas especificações, incluindo a pintura.”

A numerologia de Slipknot.
Além de usar as máscaras que os representam, cada membro do Slipknot está “numerado”. Qual é a filosofia que se esconde por trás desta característica em particular?

“Não posso falar pelos outros, mas para mim é cada vez mais parte do contexto da banda onde cada um é uma parte necessária. Se escolhi o 6, não é porque é o meu número da sorte. Não acredito nisso. Mas sim pela importância mitológica e religiosa desse algarismo. Além disso, estou fascinado com o conceito do ying e o yang. Pelos contrastes também. O dia e a noite. Devido ao fato de poder girá-lo e se transformar em 9, o 6 me faz pensar nisso tudo.”


Agradecimentos: Flávia Faria


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