4 de jan. de 2009

Tradução da matéria do Slipknot na 'Kerrang!' de Dezembro








A primeira coisa que você ouve é o silêncio. Não tem música alta, nem gritos, nem palavras de coragem, nem batalhas. Ao invés disso, o camarim do Slipknot é um oasis de tão calmo.

Em uma mesa no canto dessa zona calma de paredes brancas, uma cesta com cereais Cap 'n Crunch, um saco de Doritos, um tubo de Pringles, um saco meio comido de biscoitos de chocolate, algumas frutas e pão. Em outra mesa, garrafas de Jack Daniels e Jägermeister intocadas, junto com água, uns saquinhos de chá e uma bandeja com copos. Nada disso parece interessante pra ninguém.

Entrando no camarim, Shawn "Clown" Crahan derruba uma garrafa de água por acidente e chuta para um canto, Paul entra logo atrás, eles riem e Gray senta ao lado da sua esposa loira e muito tatuada, Brenna. A sua esquerda, o guitarrista Jim Root fica quieto folheando uma revista sobre guitarras. Longe de todos, o sampler Craig Jones senta sozinho sem dizer uma palavra.


Em uma sala menor adjacente, o percussionista Chris Fehn se veste para o show, pegando as roupas de uma arara e por último a máscara. Piadas internas, risadas e entre tudo isso um silêncio relaxante e confortável. Nada do que você espera dentro do camarim do Slipknot.
Saia pela porta, por um longo corredor branco e a cena é a Acer Arena em Sydney, com capacidade para 14.000 e não podia ser diferente. A platéia vai à loucura cada vez que ouve algo diferente, cada vez que um roadie entra no palco ou uma luz se acende, o barulho é devastador. Em uma área reservada, Sydneysider Jack Kramme, de 21 anos, está numa cadeira de rodas, o rosto escondido por uma réplica da máscara do vocalista Corey Taylor na época do Iowa, que ele comprou no eBay por US$37.

"Tudo que eu posso dizer, é que hoje a noite nós tomos vamos embora em sacos. Eu idolatro essa banda!" Ele diz, com os olhos arregalados dentro da máscara.

De volta ao camarim, a cena permanece a mesma.

"Fica mais intenso quando está perto" diz o vocalista Corey Taylor, com o rosto coberto por tinta preta e a cabeça raspada pintada de branco. "Quando todas as máscaras estão vestidas, você vai de zero a mil imediatamente. Antes disso tem as piadas, a gente conversa, e essa é uma boa maneira de manter todo mundo bem humorado"

São 21:28, todas as nove máscaras estão nos lugares e o camarim é esvaziado, um segurança grandão invade o corredor e diz que aquela área precisa ser esvaziada também, "Agora" e ele assiste enquanto as pessoas se dispersam e pega um rádio para dar uma mensagem para o engenheiro de som para que toque a última música antes da abertura da banda. A música se chama "For Those About to Rock".

"Pronto, pode tocar AC/DC" ele ordena. "Liberado para rodar AC/DC"

É hora do show.

Volte 2 dias atrás, e a cidade ensolarada de Brisbane está começando a ficar infestada de fãs do Slipknot. Em um trem do aeroporto para a cidade, um deles tira o casaco para mostrar um outro do Slipknot e por baixo uma camiseta do Slipknot. E descendo pelo braço uma tatuagem nova do "S" da banda. Ele veio de Sydney e vai viajar para os 5 shows na Austrália, gastando US$4,500. Ele mal pode esperar para sair do trem, porque está começando a ficar sóbrio. É uma da tarde.

O palco de hoje é o River Stage, com capacidade para 9.000 pessoas é cercado pelo jardim botânico da cidade e o Brisbane River. Um teatro ao ar livre, rodeado por árvores é um cenário simples, e às 4 da tarde, a única coisa que brilha mais que o sol é o barulho que vem da bateria dourada do Joey Jordison.



As melhores fases de 2008
Corey Taylor
All Hope is Gone em primeiro lugar na América.

"Aquilo foi ótimo. E a melhor coisa foi que recebemos tantos emails das bandas e gravadoras do gênero dizendo "Maravilhoso, parabéns" Eu não entendia até alguém me explicar, as pessoas falavam "Antes de vocês conseguirem o primeiro lugar, não era o objetivo de ninguém, era impossível". Agora as bandas de metal têm um objetivo. Foi o álbum mais pesado a ficar em primeiro lugar, e pra gente foi muito importante."


Joey Jordison
Largar as drogas e cuidar um dos outros.

"Nós nos preocupamos com os outros mais que antes. As pessoas não ficam apenas nos seus mundos, somos mais próximos e isso é a coisa que eu mais gosto agora. E todo mundo festeja cara, é a melhor coisa. Nós ainda bebemos, ninguém é santo, mas percebemos que nossos corações não estavam no mesmo lugar. Eu estou ficando mais velho, com 24 anos eu poderia cheirar toda a droga que você colocasse na minha frente sem passar mal. Mas agora não."


Shawn Crahan
O Slipknot ainda estar junto.

"Apenas o fato de ainda estarmos fazendo o que o Slipknot faz, é provavelmente a melhor coisa de 2008. A gente pode até se perguntar o porquê todos os dias, mas estou orgulhoso de tudo isso, ninguém nunca vai tirar isso da gente. Eu estou muito honrado e orgulhoso de estar nessa banda, de ainda estar no verdadeiro Slipknot, isso é de verdade, e nós somos."


Quando Taylor chega algumas horas depois, da pra ver claramente que ele esteve em uma briga. Duas na verdade. A primeira briga foi com os prendedores de cabelo, que quebraram enquanto ele cortava o próprio cabelo, o forçando a pegar uma navalha e raspar todo o cabelo. A segunda oponente foi a mãe natureza, que machucou seus músculos durante a primeira tentativa de Skydive na Nova Zelândia alguns dias atrás. A faixa em volta do seu pulso esquerdo sugere que ele perdeu.

"Era um dia com muito vento, e nós chegamos a 9 ou 12 metros de altura e o vento nos jogou de lado nos balançando e nós caímos no chão, eu caí em cima da minha mão e foi intenso, eu tinha grama saindo do capacete, grama nos meus dentes, não sentia meu dedão e eu ria feito um maluco".

Levando em conta os recentes machucados, agora não era a hora de ninguém do Slipknot tentar pular de pára-quedas, o DJ Sid Wilson ainda se recupera depois de quebrar os dois tornozelos no primeiro dia do Rockstar Energy Drink Mayhem Tour nos Estados Unidos, e o calcanhar esquerdo do Joey ainda esta severamente enfaixado depois que ele o quebrou no fim desse mesmo festival, resultando no cancelamento do Reading e Leeds Festival. Ao mencionar isso ao vocalista, ele solta um riso irritado e explica que apesar dos problemas físicos, tudo anda muito bem no mundo do Corey Taylor. Uma nota pessoal: ele recentemente ficou noivo, e sua noiva Steph o acompanha nessa turnê.

"Eu honestamente nunca achei que me sentiria assim por outra pessoa de novo, eu fiquei sozinho por 2 anos e eu pensei que seria um pai solteiro pelo resto da vida e tinha me conformado com isso. Aí conheci minha garota e foi instantâneo."

O Slipknot anda no mesmo clima contente.

"Eu falo com todos da banda todo dia e é muito bom saber que você tem gente que se importa, agora nós estamos tranqüilos e se achamos que algo vai errado com a banda, todo mundo conversa"

Paul Gray da um sorriso, ele faz isso muito. O baixista está sentado em um camarim branco e grande que serve também de local para a entrevista hoje. Ele diz que 10 anos atrás, a vida na estrada com o Slipknot era agitada, e 5 anos atrás tinha ficado muito obscuro.

"Como é a vida na estrada agora comparada com 5 anos atrás? Eu não uso mais heroína."

Limpo por 2 anos, seu único vício agora são algumas cervejas.

"A heroína fez a turnê mais difícil, principalmente quando era pelo mundo todo, agora é bem mais fácil"

De acordo com o baixista, a droga mais pesada que você vai achar no Slipknot hoje em dia é um pouco de maconha, Corey mal bebe hoje em dia, mas quando tocou com o Machine Head, tiveram alguns dos famosos Brown Eye Cocktails do Robb Flynn depois de cada show.

"Não tantos quando você acha" diz Corey, "Eu não venho bebendo muito porque estou com sinusite desde a semana passada e tomando antibióticos, ainda nos divertimos, alguns caras andam festejando, mas não é nenhuma loucura"

Para Gray, a sobriedade trouxe coisas boas, hoje ele passou o dia com Sid Wilson e suas respectivas parceiras em um santuário de coalas.

"Estou saindo e vendo coisas ao invés de ficar trancado no hotel"

Clown tem uma teoria sobre o porquê a vida no Slipknot está tão calma ultimamente - todos cresceram. Mas isso também tem problemas. Aos 39 anos de idade, a saúde começa a preocupar - ele está batalhando contra uma doença no intestino grosso, a diverticulite - e ele admite que precisa se esforçar ainda mais pra se manter na estrada. Uma simples pergunta de como ele se sente revela a resposta "Estou quase no fim."

No passado isso seria uma oportunidade para um discurso sobre como o Slipknot esta o matando, mas seu tom de voz carrega um sentimento de derrota.

"A banda está ótima, eu defendi muito o que nós somos hoje, estamos finalmente nos 30 anos. Estive esperando pacientemente para os jovens - que eles gostem de ouvir isso ou não- crescessem para perceber que muitas das coisas que estavam insustentáveis começaram a sumir.
Por outro lado, acabei de completar 39 anos, perdi meu pai, minha mãe ainda é viva, mas tem Alzheimer. Nós (Shawn e a esposa) tivemos uma pequena surpresa 4 anos atrás, o nome dele é Simon e mudou a minha vida. Eu não quero mais fazer isso, odeio todos os dias, eu quero sentar na praia com a minha garota e relaxar. Eu sinto que o Slipknot me curou de tudo que eu precisava fugir desde que comecei isso"

Mas como sempre com o Clown, a contradição aparece.

"Mas o que eu queria dizer é que eu estou me divertindo mais do que nunca. Ainda temos nossos problemas, somos uma grande família. Não acho que já gostei tanto de tocar nessa banda como agora, estamos todos no caminho certo e mais próximos do que antes. Tem gente que só precisa envelhecer."

Em Sydney, dois dias depois, Joey Jordison tira sarro das contradições do Clown e diz "Ele é o Clown (palhaço) tem esse nome por uma razão!"
Mas agora Shawn não está rindo. Eu pergunto se ele vê um fim e ele responde:

"Sim eu vejo, mas sou bem sucedido, fiz quatro álbuns em 10 anos e eu estou orgulhoso desses álbuns, não mudaria nada."

Parece que você está lendo um discurso de aposentadoria.

"Eu nunca desisto. É importante que você entenda que não é porque eu não agüento, mas eu vou saber quando chegar a hora certa."

Você acha que o Slipknot acaba se você sair?

"Ah não, é um negócio de milhões de dólares e tem muita gente envolvida, eles não vão deixar... vão dar um jeito"

Mas cinco horas depois, Clown está sentado no saguão do hotel conversando com Craig Jones. Empolgado com o show da noite e uma platéia que ele viu como a mais louca de todas, ele fica feliz de saber que o Slipknot tem fama o suficiente pra fazer um show de três horas. Claramente, aposentadoria está longe.


Apesar da reação violenta dos fãs no show de Brisbane e no de Sydney 48 horas depois, é fácil subestimar o quanto essa banda significa pras pessoas. Um lembrete veio meia hora antes do show de Brisbane. Entre uma sessão de fotos, as roupas, e o aquecimento, todos os 9 integrantes tiram um tempo para andar pelo lugar. Lá, um garoto de 17 anos chamado Jamie Ellis está na cadeira de rodas, acompanhado com um amigo, a mãe e um enfermeiro do hospital que ele vive. Jamie tem uma doença degenerativa que faz com que seus músculos, pulmões e coração se deteriorem e morram. Um de cada vez a banda o cumprimenta, posa para fotos e se abaixa para abraçá-lo e ele em troça se esforça para esboçar um sorriso. A mãe dele, Theresa, não tinha contado sobre essa noite pra ele ainda, ela achava que ele não estaria vivo.

"Isso é tudo pra ele, ele pode ir para a nova jornada agora com um grande sorriso no rosto sabendo que conseguiu conquistar hoje à noite, a última coisa que ele queria no mundo."

No backstage, Joey Jordison comenta sobre o encontro.

"Foi muito intenso e isso faz você apreciar mais a vida. Todas aquelas reclamações sobre viajar, voar de um lado pro outro... foda-se isso tudo a vida é muito preciosa, esse ano eu percebi isso. Mentalmente, eu já estive melhor. Eu consegui entender muita coisa na minha vida, e eu parei de dar entrevistas por uma razão, estou tentando voltar a ser o Joey, não o Joey do Slipknot."

Com um capuz sobre os olhos, dá pra entender a intensidade do Joey sobre tudo isso, o seu tornozelo como ele diz, "está quase curado" mesmo que ele ainda use um suporte. Ele só está conseguindo usar todos os músculos da perna esquerda agora, depois de 6 semanas com um gesso causando uma atrofia para melhorar. Um episódio que o assustou muito.

"Esse é meu presente, eu sou conhecido pela velocidade nos pés, então eu fiquei com medo cara."

Deixando claro que a turnê é melhor agora que ele está limpo. Faz quase um ano desde que Joey parou com a cocaína, e está tão dedicado a ficar sem drogas, que quando quebrou o tornozelo, ele se recusou a tomar qualquer coisa para aliviar a dor, o que levou o Slipknot a cancelar os festivais de Leeds e Reading, o que doeu ainda mais.

Quando comentado com Joey que Shawn, Corey e Paul comentaram sobre como a banda está mais unida e como eles se amam, sugere que o Slipknot está ficando velho, ele rapidamente rebate.

"Ainda temos o mesmo ódio que tínhamos 10 anos atrás, parece 1999. Eu não ligo para o que ninguém fala cara, quando vejo alguém falando besteiras da banda eu digo 'Você não sabe de nada cara, vá se foder' É a banda mais brutal do mundo, acho que somos a melhor banda de metal que existe. Claro que vai ter gente que discorda, que seja, mas você nunca vai saber o que é estar na nossa banda, se não se colocar no nosso lugar por um dia. Eu conheço o Slipknot e conheço cada um dos caras da banda e isso é só o começo."

29 de Junho de 2009, marca o décimo aniversário do lançamento do Self-titled. Jordison prevê que nesse dia, eles estarão no meio de um festival Europeu e vai ter algo especial planejado.

"Coisa velha cara, máscaras originais, macacões vermelhos e apenas o primeiro álbum. Merda, estraguei a surpresa. Mas estamos planejando isso.

Até lá, tem mais shows para fazer e mais viagens. Quando o Slipknot for para a Inglaterra essa semana, já vão ter feito seu primeiro show em Israel e vários na Europa, com mais datas para a turnê americana marcadas para 2009. E apesar de todas as previsões de um fim, Clown tem esperanças boas para 2009.

"Eu quero sair pelo mundo como estamos fazendo, quero conseguir fazer esse ciclo, continuar amigo, conseguir novas marcas e matar cada bandinha poser que se acha. Quero ser saudável, quero viver e quero que a minha banda viva. Nada diferente do que eu sempre quis desde que começamos."

São sentimentos compartilhados com Corey.

"Eu vi um garoto escrevendo online 'É 2008 e ninguém liga pro Slipknot', isso foi antes do novo álbum sair. Aí dois meses depois já tínhamos o álbum em primeiro lugar e foi tipo (levanta o dedo do meio) 10 anos e estamos maiores do que nunca.
Somos uma das maiores bandas de metal do mundo agora e não paramos ainda, vamos crescer ainda mais. Álbum em primeiro lugar, shows esgotados em todos os lugares... É um reflexo de tudo que passamos para chegar aqui, e eu sei que não foi fácil. "










Confira os scans:http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248365
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248366
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248367
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248368
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248369
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248370
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248371
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248372
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248373
http://flog.clickgratis.com.br/slipilove/248374

Nenhum comentário: