1 de jan. de 2009

Noises from the Big Mouth




A revista Rocksound publicou esse mês, uma coluna em que Corey Taylor escreve sobre a vida, entre outros assuntos. O espaço chama-se "Noises from the Big Mouth".

"Se eu fosse um hippie, sossegado em uma loja de maconha ecologicamente correta em algum lugar dos Estados Unidos, provavelmente eu tragaria no meu "cachimbo medicinal", me deitar, inspirar naquele ar infestado de incenso e gaguejar alguma coisa como "Os anos 90 cara. Aquela época era boa pra se viver." Graças a deus eu não sou uma merda de um hippie, mas o sentimento ainda é o mesmo. Os anos 90 em todos os sentidos era realmente a melhor época para se viver. Tinha um senso de otimismo que eu nunca tinha sentido antes daquela década, e não senti mais até hoje. A música era fantástica, nós tínhamos um presidente que pelo menos fazia alguma coisa (entre o sexo oral) e as pessoas eram verdadeiramente mais felizes; eram tempos diferentes. Oito anos nessa época e eu iria preferir estar de volta no colegial.

Talvez porque era minha hora de crescer? Hora de errar, amar, aprender e errar mais um pouco. Talvez porque as maiores mudanças da minha vida aconteceram nessa época? Ou talvez porque era um momento especial de verdade - um tempo em que se sabia que não importa o que acontecesse, sempre teria uma saída. Eu fiz 21 anos em 1994, no ápice da minha fase "alternativa". Tinha música nova vindo de todos os lados. Era tudo muito diferente sabe? Era uma junção de frustração com status, a raiva o que sobrou do rock e muitas noites esperando o Axl Rose subir na merda do palco. As cores eram vibrantes, a alegria que aquilo levava era real, e não tinha uma gota de spray de cabelo em lugar algum. Não que isso fosse ruim, mas estava ficando demais. Você não devia se vestir como Traci Lords para estar em uma banda, isso devia ser bom.

Eu me vi viajando pelo país, sozinho, me descobrindo e destruindo a arrogância da juventude. O crescimento da mente e a vitalidade da alma estavam cozinhando a mistura fria de consciência, e eu estava vivo de uma maneira que eu nunca tinha sentido. Não importava se eu não tinha dinheiro nenhum e tudo que eu queria fazer era tocar guitarra e escrever minhas músicas. Não importava que eu me apaixonasse por toda garota que eu via. Tudo que importava era o próximo momento, a próxima aventura, o próximo suspiro.

Eu perdi tudo isso logo na virada do século, o que para alguns, não foi grande coisa. Eu lembro de ouvir no rádio em 1984 enquanto comia meu cereal, que o grande milênio seria daqui a 16 anos. Aos 11 anos de idade, poderia ser daqui a 100 anos, então quando finalmente aconteceu, senti uma tristeza enorme. Não sabia o porque mas foi profundo e significativo. Era o fim de uma vida e o começo de outra. Minha vida profissional estava começando mas a boa vida estava terminando. Eu não consigo imaginar como é ser jovem hoje em dia, eu ouço histórias horríveis nos noticiários e as pessoas contam o tempo todo. Ouço sobre a brutalidade da vida diária dos fãs e todo o desespero de se ligar a uma coisa boa, sem importar o que isso seja. Eu vejo histórias na TV que fazem minha alma chorar porque, como um ser humano decente pode tratar as outras pessoas dessa maneira? Acho que é por isso que estou um pouco nostálgico hoje, mas sei que essas coisas não duram pra sempre. Sei disso porque 15 anos atrás eu estava no ápice de uma grande aventura, em tempos que todos sorriam um pouco mais que hoje e mais freqüentemente. Tenho um pouquinho de esperança ainda eu acho. Nunca parei de acreditar que o barco vai na direção certa e nos livra da tempestade. Acredito que todo mundo acha um pouquinho de felicidade no final, é o que me motiva a continuar, a sorrir e a ajudar as pessoas o máximo que eu posso. Não existe uma resposta absoluta, nenhum grande segredo pra se tirar disso. É apenas o que eu sei e o que eu quero fazer, lá do fundo da alma.
Posso não ser uma bosta de um hippie, mas eu tenho fé... em todos nós.

Corey"

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