12 de out. de 2008

Tradução da Rhythm Magazine com Joey Jordison











Joey Jordison foi recentemente entrevistado pela Rythm Magazine. E com o maior prazer, estamos trazendo pra vocês a tradução da matéria na íntegra, que você pode acompanhar abaixo.



Deve haver algo obscuro e suspeito no coração do estado de Iowa. Certa vez ele foi designado como parte do núcleo de milharais da América, mas desde 1999 o estado vem sendo mais conhecido pela grade força do metal moderno: Slipknot.

Joey Jordison emergiu como um dos mais populares e influentes bateristas de metal de sua geração. Além do Slipknot, Joey toca guitarra no Murderdolls e têm feito participações especiais no Satyticon, Korn e Ministry.

Joey falou com a Rhythm sobre o novo álbum em uma entrevista exclusiva. "As letras dele são muito intensas. Todas elas são. Me lembro de Corey me dizendo, quando ele estava escrevendo as músicas para as demos, 'Cara, eu posso ir para o inferno por essas letras!'" - Por 11 faixas tocando como um demônio da bateria.


1-Onde o novo álbum foi gravado?
Nós o gravamos em Iowa, na cidade de Jamaica, que fica no meio de uma plantação de milho a uns 45 minutos ao norte de Des Moines. Foi a primeira vez que escrevemos e gravamos em Iowa. O pessoal ia pra casa à noite e não haviam distrações. Não haviam boates. Estávamos lá no meio do nada e trabalhávamos até às 3 horas da manhã e então íamos pra casa. Isso ajudou muito no processo geral de gravação do CD. Mas também nos divertimos fazendo esse álbum.


"Eu sabia exatamente o que queria fazer na bateria, mesmo com as músicas ainda incompletas."

2-Como você adicionou sua parte da bateria nas músicas?
Eu gravei primeiro. Foi um processo estranho dessa vez. Foi a primeira vez que eu gravei completamente sozinho. Não toquei com a banda. Continuávamos estudando as partes da guitarra e do teclado, e eu sabia que a minha parte estava pronta e sólida, então eu decidi fazer minha parte sozinho e fechar a música. Aí os caras vinham e faziam suas mágicas.

3-Quanto tempo levou para gravar suas partes?
Três dias. O pessoal diz, "Você é um alienígena?" 'All Hope Is Gone' e 'Butcher's Hook' foram feitas dois meses depois. Quando vamos ao estúdio é um trabalho em progresso. Eu gosto de ser o mais objetivo possível, claro, mas como comecei as demos em Janeiro, eu tinha meus ritmos todos prontos. Eu sabia exatamente o que queria fazer na bateria, mesmo com as músicas ainda incompletas.

4-Você gosta de fazer um take do começo ao fim?
Eu sempre tento fazer uma música em apenas um take (tentativa, tomada). Não são exatamente iguais as que estão no álbum porque às vezes nós mudamos alguma parte, e então eu tenho que ir lá e regravar.


"Nós fomos erradamente agregados nesse termo 'nu-metal' estúpido."




5-Quantos takes você fez em cada música?
Não mais que dois ou três. Geralmente o primeiro é quando você está com o fogo e sentindo aquela música. Conforme vou tentando, eu fico entediado e começo a me embolar, daí fica irritante.

6-Como o som da banda evoluiu desde o Vol.3?
Cada álbum é diferente, começando no self-titled 'Slipknot' em 1999. Ele tinha seu próprio som e tivemos alguns anos pra escrevê-lo. Nós fomos erradamente agregados nesse termo 'nu-metal' estúpido. Se você ouvir aquilo de novo agora, definitivamente não é desse jeito. No segundo álbum, 'Iowa', nós ficamos mais pesados, é quase como um álbum de death-metal, potencialmente o álbum mais pesado já lançado. No 'Vol.3' nós decidimos adicionar um elemento mais experimental no som do Slipknot. No 'All Hope Is Gone', nós fomos muito mais longe obscuramente, de volta ao nosso death-metal e raízes de metal rápido. Muitas das melodias de Corey nesse álbum são as melhores que ele já fez.

7-Quando você está tocando aquela bateria loucamente rápida numa música, como em 'This Cold Black', como você concilia isso com o ritmo?
Sabia que essa pergunta ia ser feita. As músicas 'All Hopes is Gone', 'This Cold Black', 'Gematria', 'Vendetta', partes de 'Sulfur', são muito, muito rápidas e eu aprendi recentemente a controlar minha respiração e a relaxar. Parece estranho, como se você devesse ficar mais nervoso e pegar mais pesado. Eu não. Quando eu fico naquele estado, e tenho meus pés trabalhando bem, quanto mais eu respiro, mais eu relaxo; quanto mais eu não me preocupo com isso, mais rápido consigo fazer.


"Slipknot é uma das bandas que pode fazer qualquer estilo e tocar que continua sendo Slipknot."


8-Você ensaia quando não está em turnê?
Sim, ensaio muito. Moro num lugar onde a vizinhança não permite muito barulho, então eu tenho que ensaiar em dois lugares que tenho meus kits principais, e em casa eu tenho minha bateria eletrônica. Tenho a 'TD-20s' em casa e eu gosto muito de programar coisas nela. São bem divertidas de tocar.

8-Você não é do tipo de baterista que toca a mesma parte duas vezes - Nunca é Verso-Refrão-Repete...
Em 'All Hope Is Gone', o segundo verso é diferente do primeiro verso mesmo se eles tiverem a mesma estrutura. Eu vou mudar o ritmo, o riff mudará, as notas mudarão - é sempre uma progressão mesmo que esteja no contexto da música. Acho que é isso que faz o Slipknot tão especial.

9-Tem muitos estilos diferentes de bateria nesse álbum. 'Psychosocial' começa com quase um 'black beat', mais rock do que metal puro...
Essa música tem uma pegada muito boa, um peso bacana. É uma energia entre o Ministry e o Meshuggah, com um refrão bonito. Estou muito orgulhoso dessa música. Foi uma das primeiras que eu planejei com Paul no começo das composições. Gostamos de compor em estilos diferentes, não precisa ser rápido a todo tempo. Só precisa ter uma atmosfera que às vezes move você, alguma coisa que seja impactante. Muitas bandas ficam travadas num certo estilo, mas acho que o Slipknot é uma das bandas que pode fazer qualquer estilo e tocar que continua sendo Slipknot.





"Esta máscara é mais perturbadora do que qualquer coisa que eu já vesti, com certeza."






10-Como você compõe?
Muitas das vezes eu vou compôr um riff de guitarra antes, não costumo escrever riffs de bateria primeiro. Eu já vou saber como vai ser a direção da bateria. Ela vêm do sentimento do riff e dos vocais. Eu relaciono muito com o vocal. Tudo começa com um riff. Nunca começa com o vocal, nunca começa com uma linha de bateria, sempre começa com um riff, e mantendo a intensidade do riff, aí sim, construir as coisas em cima disso.

11-Com as músicas sendo tão complexas, é um desafio tocá-las ao vivo?
Leva um tempo pra se acostumar. Me lembro que quando começamos a tocar juntos de novo, Corey estava esquecendo a letra toda hora, eu pensava "Como vai ficar isso?" É um processo imenso de pensamento nos mantendo juntos. Estamos nos adaptando muito bem agora.


"Eu literalmente não parei."


12-Antes do reencontro do Slipknot, você esteve fora tocando com muitas pessoas diferentes, começando com o Satyricon...
Eu sou um fã de black metal desde o começo dos anos 80. Acompanhei a cena e o Satyricon têm sido uma das minhas bandas favoritas de black metal. Conheci a banda através de um amigo em comum, e nos tornamos muito amigos. Fui muito sortudo por ser convidado a participar, e fiquei feliz de fazê-lo. Com o Ministry, eu sou um dos maiores fãs de Ministry que já existiu, e eu mergulhei de cabeça nessa chance. Assim que terminou a turnê do 'Live 9.0', que foi a última turnê que fizemos em 2005 para contribuir com o álbum ao vivo do Slipknot, ele me chamou, e eu disse "Nossa, cara, que honra!" Fui até lá e os encontrei. Foi bem legal. Fiquei com eles por 8 meses. Logo após isso, eu produzi o álbum do 3 Inches Of Blood em Vancouver e Seattle. Fiz alguns grandes amigos e acho que fizemos um ótimo álbum.

Assim que o terminamos, Korn estava procurando um baterista e saindo numa turnê. Falei com o Munky primeiro e tivemos uma ótima conversa, então Jonathan e eu tivemos uma conversa muito longa e engraçada. Fui até lá e ensaiei com o Korn. Na primeira música eles pararam e disseram "Você tá no jeito, cara, o som tá ótimo." Fiquei no Korn por 8 meses também. Quando terminamos, voltei imediatamente pro Slipknot, escrevendo o álbum e estou em turnê agora, então... eu literalmente não parei.

13-Tem alguém que você queira tocar e ainda nao teve chances?
Estive falando com o King of Hell e com o Gaahl da banda Gorgoroth, então acho que há uma possibilidade disso no futuro. Têm muitas bandas que eu gostaria de tocar - Quanto mais você toca com pessoas diferentes, mais você aprende - mas no momento Slipknot é minha prioridade.


"Não me vejo como um baterista, mas mais como um compositor de músicas que se foca mais na bateria."


14-Você é uma inspiração para muitos jovens músicos, você pensaria em dar aulas de bateria?
Não, não considero isso. Acho que quando as pessoas fazem essas coisas é pra aumentar o ego. Eu sei que os fãs gostam de ver isso. Se as pessoas querem me ver tocar, venham até um show, eu lhe mostrarei tudo que você quer saber num show.

15-Em que direção de som você quer seguir na bateria?
Eu toco do jeito que toco e tento manter meu estilo na melhor forma na medida do possível. Não me vejo como um baterista, mas mais como um compositor de músicas que se foca mais na bateria. Eu gosto de progredir sempre, aprender com pessoas diferentes, tocar com pessoas diferentes.

Você nunca vai tocar tudo, mas deve sempre buscar isso. Eu conversei com Stewart Copeland (The Police) por uma hora e meia. O ritmo de 'When The World is Running Down', ou o jeito agradável que ele toca em 'The Other Way Of Stopping'. Ele diz, "É, eu não toco mais muita bateria, sou mais um compositor de música." e ele está tocando muito bem! Ele é um dos meus bateristas favoritos de todos os tempos.


"Você tem que ser um pouco sado pra estar no Slipknot"


16-Quais foram os álbuns que o fizeram querer tocar bateria em primeiro lugar?
Já que estamos falando do Stewart, o álbum 'Zenyattá Mondatta' do The Police foi uma imensa influência pra mim, assim como o 'Ghost In The Machine' dos Rolling Stones. 'Tattoo You', o primeiro do Black Sabbath; 'Led Zeppelin III' também. Muita gente fica em dúvida entre o 'Led Zeppelin II ou IV', mas o meu favorito é o III. Tem as músicas mais fantásticas e abstratas naquele álbum.

Você tem uma máscara nova...
Todos nós temos. Está mais surrada, pelos anos de turnê, envelhecendo, tá com uma aparência mais desagradável. Está mais marcada e detalhada. Mais perturbadora do que qualquer coisa que eu já vesti, com certeza.


17-A máscara atrapalha na sua respiração?
Claro que sim. Envia você para um lugar entre o equilíbrio e a asfixia. Você tem que ser um pouco sado pra estar no Slipknot, com a asfixia é bem como uma restrição, e o balançar da cabeça e a energia e o quão difícil a música é de se tocar, não sabendo se você será acertado por um taco de baseball na cabeça; ou se Sid vai subir lá e me estrangular por 30 minutos, vestido com a máscara, tentando tocar - é imprevisível. Gostamos disso desse jeito.

18-Leva muito tempo pra relaxar depois de uma performance?
Sim, leva umas três ou quatro horas.

Você tem algum ritual pós-performance para relaxar?
Sim, cerveja.


"A última coisa que gostaríamos de ouvir depois de um show é mais metal."


19-O que esteve ouvindo ultimamente?
Sinceramente, eu gostaria de te dar alguns exemplos, mas agora eu estou terminando um álbum do Slipknot, e é tudo que eu tenho ouvido realmente. Se nós ouvimos alguma coisa no camarim, é Zappa ou Wings ou os Rolling Stones ou Os Beatles - geralmente algo mais leve. Não ouvimos metal antes de tocar e a última coisa que gostaríamos de ouvir depois de um show é mais metal. Normalmente a gente se acalma com rock clássico.

20-Isso é para preservar a energia pra quando estiver no palco?
Sim, não nos sobrecarregamos. Tudo que precisamos é de nós nove, uma vez que estejamos todos preparados e a intro começa a rolar e você ouve o grito da galera, é tudo o que precisamos. Todos nós subimos no palco como o grupo de 9, aí o jogo começa.



Na última página, podemos ver um quadro em destaque, o qual interessa muito a nós, brasileiros:

OS NOVE VÃO À LOUCURA NA AMÉRICA DO SUL
A América do Sul tem a galera mais louca de todas. Acho que porque eles não têm shows assim com muita frequência. Eles estiveram nos esperando por muito tempo quando fomos. Cada um de nós tinha um guarda-costas ao lado a todo momento, por causa da insanidade do pessoal.

Acho que foi em São Paulo ou no Rio de Janeiro que tocamos, quando chegamos no local, duas ou três horas antes do show, tudo que se podia ouvir era o grito da galera. Não havíamos nem subido no palco ainda. Havia polícia por toda a parte, e as pessoas que não conseguiram entrar penetraram em meio aos policiais e caiam sobre as fileiras das cadeiras. Parecia um formigueiro.

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