1 de out. de 2008

Tradução da Matéria da Metal Edge




Tradução da Metal Edge

Você viu os scans e o artigo digital da matéria que a Metal Edge fez com o Slipknot.Acompanhe agora a tradução da matéria:
Shawn Crahan agora tem 39 anos. Não que tenha algo de errado com isso. Não importa quantos anos você tem quando vive cada dia no mundo sempre-jovem do metal, isso pode significar conversar com alguém que ainda nem tem carteira de motorista. Mas quando se trata de um cara conhecido como "Clown", que veste um macacão personalizado com o número 6 estampado, e toca percussão numa das bandas mais pesadas do metal, percebe-se que a idade é mais ou menos uma prova de que ele e o Batman têm o mesmo diagnóstico. É... inconformável. "Estou tolerando tudo que eu posso agora, sinto os últimos 10 anos do Slipknot nos meus ossos. Eu não ia viver um dia sem me esforçar tanto quanto eu via as outras pessoas se esforçando. Estou envelhecendo; perdi meu pai; perdi minha mãe para o Alzheimer; e isso me fez pensar muito no que eu queria. Eu queria evoluir." - Clown.
"Slipknot é uma entidade completamente diferente de qualquer outra banda de rock 'n' roll que já existiu"
Evolução é uma coisa engraçada quando trata-se de uma banda como o Slipknot; isso pode significar uma mudança dinâmica no som, como a que tomou lugar entre o agressivo e melódico álbum 'Slipknot' e o destruidor, barulhento e industrial death-metal do 'Iowa'. Esse é o tipo de evolução que está na cabeça do guitarrista Jim Root - "Eu julgo o sucesso de um álbum levando em conta se houve uma evolução pra mim do último álbum, sentindo que dei um passo a frente como guitarrista, ou sentindo que as músicas evoluíram." -Seria All Hope Is Gone um sucesso nesses termos? "É uma pergunta difícil de se responder" admite Jim, "porque em alguns aspectos sinto como se tivéssemos dado um passo pra trás, e em outros aspectos, acho que demos um passo a frente." Se referindo ao intenso som death-metal do álbum, com blast beats e solos estridentes de guitarra em quase todas as faixas, James explica, "Em alguns pontos, sinto como uma evolução do 'Iowa' ao invés de uma evolução do 'Vol.3'. Com certeza é mais evoluído do que o 'Iowa', mas não é tão cerebral assim. E eu sou um pouco mais fã das coisas cerebrais, das coisas estranhas. Mas certamente acho que é o melhor álbum que já fizemos, então sem dúvidas é um progresso."
"Sem dúvida acho que este é o trabalho mais maduro que já fizemos. Não seríamos capazes de ter feito este álbum em nenhum outro ponto de nossa carreira."
Corey Taylor, líder da banda, #8 na roupa e número um em seus corações, não tem medo de ser direto quando o assunto é All Hope Is Gone: "Sem dúvida acho que este é o trabalho mais maduro que já fizemos. Não seríamos capazes de ter feito este álbum em nenhum outro ponto de nossa carreira. As performances estão mais controladas agora, e a relação entre os músicos está muito próxima! - tudo está indo bem pra caralho. Controlamos o caos em vez de exalar isso pra tudo que é lado." Evolução musical é uma coisa, mas e quando se dá o maior passo de todos, arrancando a própria pele? No momento, todos os integrantes passaram de 30 anos. Corey tem dois filhos, Clown tem quatro. Se o Slipknot ainda não está preparado para relaxar e cantar sobre a primavera, estariam eles ao menos pensando em tirar as máscaras? - Sem chance, diz o baterista Joey Jordison "Se não continuássemos amando o que fazemos, não estaríamos aqui. Se as máscaras alguma vez representaram uma restrição ou uma limitação, já teríamos parado de vestí-las há anos. É difícil explicar, cara, a menos que você estivesse conosco no ônibus, viajando pelo mundo e imaginando 'Será que eu vou ser acertado na cabeça por um taco de baseball hoje a noite? Será que eu vou despencar de 30 metros de altura quando a bateria se erguer?' Você não sabe. Ninguém sabe. Slipknot é uma entidade completamente diferente de qualquer outra banda de rock 'n' roll que já existiu, sem mais." Uma das coisas que faz do Slipknot uma banda tão única, é o simples fato: Lá estão nove caras tocando música num gênero que, como Joey disse, é difícil o bastante até para manter unido um conjunto de 3 integrantes. Sem contar os conflitos criativos e confronto de personalidades que isso pode causar, é também um pesadelo logístico, e antes da banda ser um grande sucesso, alguém teve que manter isso em ordem. E esse alguém foi Clown: "Eu costumava ser aquele cara na banda, o "pai" ou seja lá como queira chamar. Eu tinha que ligar pra todo mundo e dizer quando seria o ensaio, o que estávamos fazendo, e o que esperar. Nós saímos pelo mundo todo. E você não pode ter apenas um galão de água, você tem que ter três galões de água; Você não pode ter apenas 24 Coca-Colas, você tem que ter três engradados de Coca-Cola; Você não pode ter apenas uma garrafa de Jack Daniels (Whisky), você tem que ter Jack Daniels, Crown Royal e Skyy Vodka. É assim que funciona. É o mesmo esquema com dinheiro. 'Ah, estamos saindo em turnê? Eu tenho que fazer alguma coisa? Ah, já agendamos tudo e fizemos todos os pagamentos? Como foi isso?' São as pessoas que tiram dinheiro da gente." Para uma banda que pretende fazer a melhor música sendo que absolutamente não suportam um ao outro, todos parecem estar prosseguindo. Mas isso não quer dizer que eles continuam não aguentando ver a cara do outro. Com membros o suficiente para formar um time de baseball, Jim Root descreve como "um batalhão... ou uma tropa... ou uma gangue"; isso pode trabalhar ao seu favor quando surgem os problemas. "Se você fica puto com alguém, tem outros sete ou oito pra você zoar. É estranho, porque passamos muito tempo longe um do outro, e quando voltamos, sim, temos nossos desentendimentos e momentos difíceis, mas ultimamente não estamos tendo incidentes como esse - estamos todos nos divertindo juntos muito, muito bem. É como crescer em "Os Waltons" (série americana) - você tem essa família imensa, e no final do dia fazemos as pazes ou algo assim. Você tem suas discussões e brigas por causa de toalhas ou lavanderia e besteiras assim, mas nossas besteiras são mais do tipo 'me ajuda a trabalhar nessa música'; 'me ajuda a trabalhar naquela música'; 'tem muita música no álbum'; 'tem pouca música no álbum' - essas coisas."
"Às vezes pode ser uma bênção ter tanta gente pra compôr, e às vezes isso pode ser uma praga."
O grande desafio, todos concordam que é fazer música sabendo que todos na banda foram ouvidos criativamente. Em 'All Hope Is Gone', tem muita inovação acontecendo: Clown tocou bateria em 'Til We Die', Corey compôs duas músicas inteiras, 'Snuff' e 'Dead Memories'; ele compôs a música e criou as letras para ele mesmo. "Tudo isso depende do seu nível de envolvimento. Se você sente algo e acredita em algo, você será aceito. Eu contribuia um pouco musicalmente no passado, mas essa foi a primeira vez que fiz duas músicas inteiras. Foi uma forma de mostrar que eu estava pronto pra dar um passo a frente. E eu acho que isso meio que inspirou outras pessoas a trazer coisas à mesa, trazer novas idéias e novos estilos." - diz Taylor. Aliás, quanto mais isso acontece, mais as considerações práticas se tornam aparentes, como Jim Root ressaltou: "Está ficando muito mais difícil, estamos crescendo e evoluindo, e tem muito mais pessoas que querem ser criativas, que querem contribuir mais para a banda. E você só pode encaixar alguns cozinheiros na cozinha", lamenta ele. "Isso foi, sinceramente, um dos problemas que tivemos nesse álbum - Tinha o Sid escrevendo músicas, Corey e eu escrevendo músicas, Clown escrevendo músicas, Paul e Craig estavam escrevendo músicas, e pra colocar todos estes comandantes no navio ao mesmo tempo... é impossível sem mais tempo. Precisamos de um ano pra acertar tudo, e infelizmente, não tivemos esse tempo. Às vezes pode ser uma bênção ter tanta gente pra compôr, e às vezes isso pode ser uma praga."
"Sou menos corpo, mais mente - e isso muda nossa dinâmica, muda nosso estilo."
Qualquer coisa que você diga sobre o nada-fácil exercício de gravação, performance e sobrevivência com uma banda de nove pessoas, todos tendo suas próprias idéias em relação ao momento da banda e à direção futura, Joey Jordison deu um resumo perfeito: "No final, é isso que faz o Slipknot tão particular. Somos todos pessoas diferentes com personalidades distintas. Com nove pessoas na banda, é muito, muito difícil. Mas acho que o grande negócio do Slipknot é que somos nove pessoas, todos muito diferentes, mas somos apenas um em termos de o que queremos fazer. Quantas outras bandas estão aí com nove caras, todos membros originais desde que o primeiro álbum deles foi lançado a 10 anos atrás, todos continuam juntos, e continuam fazendo música? Não tem ninguém que possa dizer isso."
É esta relação de camaradagem que os mantém, em tempos que individualmente, estejam perseguindo seus projetos paralelos, e se esforçando pra permanecer uma das bandas mais pesadas no metal; cada vez mais difícil relacionar à banda que era há 10 anos. Clown, em particular, se acha um homem muito diferente do que fundou o Slipknot e tocou no primeiro álbum da banda:
"Não temos muito pra dizer para o mundo. Somos todos membros originais, continuamos fazendo essa coisa chamada Slipknot. Não apenas sentimos como se não devessemos nada a ninguém; nós somos os caras e estamos tentando fazer isso funcionar. Mas certamente não me sinto como quando comecei a banda, aos 26 anos. Não me sinto como quando gravamos nosso primeiro álbum, quando eu tinha 29 anos. E com certeza absoluta eu não me sinto como quando fomos indicados ao Grammy pela primeira vez, quando eu tinha 31. Pra mim, esse é o pior momento da minha vida pra estar no Slipknot. Não estou bravo. Não estou aborrecido. Não estou irritado com ninguém. Chame do que quiser - é minha crise da meia-idade - mas eu perdi meus pais, meus filhos são adolescentes. São coisas completamente diferentes. Mas uma coisa que eu posso te dizer é: Eu fiz essa banda pra dissipar minha dor. Se as pessoas iriam engolir isso ou não, eu os forçaria garganta abaixo. E agora, cara, eu não tenho isso. Eu não tenho o que eu tinha em 98 e 99. Posso falar isso pra qualquer um agora - eu não tenho aquela violência, aquela raiva e aquela revolta. Eu não tenho aquela angústia. Isso foi um veículo, e agora não mais. Mas não sinto como se eu fosse menos perigoso, me sinto mais perigoso, porque eu uso minha mente. A mente pode dizer ao coração pra começar a bater, ou dizer para a mão pegar alguma coisa, entende? A mente é tudo. Minha mente cresceu - Sou menos corpo, mais mente - e isso muda nossa dinâmica, muda nosso estilo."
"Será que eu conseguirei ser um cinquentão pulando por aí com uma máscara e uniforme? -Não sei."
O estilo de Jim Root é um humor cínico, fácil, e é com essa atitude que ele responde. Quando perguntado se, com 36 anos, ele já imaginou que diabos ele está fazendo, respondeu: "Só quando eu não estou lá fazendo isso, eu imagino essas coisas. Quando eu subo no palco, essas coisas somem. Não consigo imaginar nada além disso que eu prefira fazer. Será que eu conseguirei ser um cinquentão pulando por aí com uma máscara e uniforme? Não sei. Nesse ponto deve ser um pouco ridículo de assistir. Não sei se alguém estaria interessado nisso. Claro, com a máscara, você pode ter 50, 40 ou 30 anos - eles não saberiam dizer. Talvez eu estarei careca, ou todo meu cabelo estará branco. Mas é sempre algo que está passando pela minha mente. Acho que não é uma coisa que muita gente pensa quando começam uma banda, mas não é todo mundo que pode ser os Rolling Stones. Não tenho certeza se quero ser. Mas no momento, estou bem sadio e ativo - enquanto for válido, eu farei isso, sabe? Porquê não?" Quando você pensa em música como um hobby, assim como James, e considera que estar numa banda de sucesso significa que você nunca teve que ter um trabalho, toda a idéia de limitações parece muito mais absurda do que a idéia de vestir uma máscara no auge da terceira década de vida. Jim continua, "Acho que acabamos de vez com a idéia de limitações no álbum 'Vol.3', mas também nunca fomos uma banda que permite ser definida pelo que qualquer um pensa. Sério, não importa o que você faça - com a internet do jeito que está, todo tem sua razão, todo mundo está em algum fórum ou pra colocar as coisas num pedestal ou pra destruir aquilo. Então no final, não importa muito o quanto você pensa no que os fãs querem - uma galera vai amar o que você está fazendo e outra galera vai odiar. Então que diferença faz?"
"Éramos apenas nós e as músicas no meio do milharal."
Mais apropriado para o membro do Slipknot mais reconhecível sem a máscara, Corey Taylor parece mais prudente sobre a possibilidade de aposentar sua máscara: "A 3 anos atrás eu provavelmente falaria sim, mas agora, estou empolgado de estar aqui, nunca estive com um pensamento como esse em minha mente. Sinto falta dos meus filhos, mas ao mesmo tempo, eles amam o fato que o Papai faz o que faz. Tenho meus momentos onde olho pra trás pra alguma coisa que eu escrevi e penso 'Nossa, de onde surgiu essa porra?' Mas eu também tenho meus momentos que continuo a sentir isso - onde eu continuo sentindo onde eu estava quando escrevi tal coisa. Depende muito do seu estado mental - você pode passar a vida toda sem entender realmente o que você disse no primeiro álbum, e então um dia após dez anos você diz 'Ai cacete! Agora eu entendi!'"
Se tem algum fato saliente em 'All Hope Is Gone', isso aponta para uma maturidade do 'Knot, deve ser a decisão de gravar o álbum todo em Iowa. Todos os trabalhos anteriores haviam sido feitos em Los Angeles, e a decisão de retornar à terra natal, foi uma das mais fáceis de se fazer, de acordo com Joey Jordison: "Sempre gravamos em Los Angeles, e estávamos cansados disso. Tem sempre muitas distrações, muita coisa acontecendo. Esse álbum nós gravamos no meio de uma plantação de milho. Não havia mais nada lá. E isso nos ajudou muito a permanecer focados e ter certeza de que as músicas estavam exatamente do jeito que queríamos em termos de som. Ninguém xeretando o estúdio pra saber o que tá rolando, nada disso. Éramos apenas nós e as músicas no meio do milharal."
"não estou lá dando cambalhotas atrás do meu instrumento onde você nem consegue ver. Estou bem na sua cara agora, e é brutal."
Clown adicionou "Quando gravamos este álbum em Iowa, basicamente ficamos numa casa e trabalhamos constantemente nas composições - as músicas eram escritas 24 horas por dia. As coisas iam acontecendo conforme eram escritas. Quando éramos mais jovens, era mais difícil fazer isso, porque estavamos todos envolvidos em muita dor. Eu sei que eu era. Mas depois de tanto tempo, fazer o Slipknot é tipo moldar aquelas massinhas de brinquedo - nós pegamos uma música e a moldamos, pegamos nossos próprios rostos e o moldamos, pegamos nossas identidades e a moldamos. Mas agora, fizemos muito isso, não temos que fazer mais. Nos tornamos o que queríamos ser. Isso faz da merda uma coisa legal - isso levou três álbuns pra perceber que não estamos indo a lugar nenhum, que não somos só um monte de merda. É fácil pra nós ser o que somos. Nós somos o que somos. Eu sou o Clown, porra. Você não pode mudar isso com drogas ou com tratamento de choque, ou qualquer coisa. É mais perigoso do que nunca - eu não estou lá dando cambalhotas atrás do meu instrumento onde você nem consegue ver. Estou bem na sua cara agora, e é brutal." -Teria ele algum conselho a dar para o Shawn Crahan de 1999, se tivesse algum jeito de dizer a ele? "Vou ser honesto com você: Não tem nada que eu pudesse dizer para aquele cara. Ele não ia dar ouvidos mesmo." Corey Taylor, por sua vez, tentaria colocar algum juízo no "Corey mais jovem" se ele pudesse: "Eu falaria pra ele se lembrar de curtir isso. É uma coisa que eu meio que perdi - uma coisa que eu esqueci por um tempo, você deveria curtir isso, isso deveria ser um bom momento. Eu o pegaria pela cabeça e falaria 'Não se preocupe com isso, caralho! Vai ficar tudo bem!'" Por fim, Joey Jordison - que tem 33 anos, e é um dos membros mais jovens do grupo - coloca sua perspectiva "Não parece que faz muito tempo que estamos juntos, mas pense no que você era quando você nasceu, e então pense no que você era com 10 anos de idade. Pense nessa evolução e no quanto isso mudou pra você. Então sim, estamos todos mais velhos, mas isso não significa que não vamos acabar com você."

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