5 de nov. de 2009

The Eye of a Clown: Clownhead



Na mágica, é importante que as mãos sejam mais rápidas que os olhos. O oposto geralmente se encaixa na fotografia, um meio na qual a mente tem de prever o que está vindo antes do dedo puxar o gatilho. É como ser um bom atleta ou sobreviver num campo de batalha. O que você vê não é o bastante, e quase sempre pode ser enganoso. Para obter sucesso, é essencial acreditar em seu instinto, sentir, e ter um sexto sentido indefinível.

Nesta última atualização em “The Eye of a Clown,” Shawn Crahan escolhe uma fotografia aterrorizante para explicar como uma boa captura fotográfica vem quando se menos espera, e só quando se está preparado a imagem realmente se revela.


Este é um dia na vida de alguém na minha profissão e eu me lembro disso claramente. Eu realmente faço o máximo que posso para estar apto a levar minha câmera onde quer que eu vá. Se eu pudesse, a teria dentro dum supermercado, enquanto estivesse fazendo sexo, enquanto estivesse dirigindo. Eu tento manter o hábito de levá-la a todos os lugares em casos de certas manifestações. Neste dia em particular eu fui recompensado.

Eu tenho pouca sorte de encontrar chuveiros em lugares. Tenho pessoas que trabalham comigo que me ajudam a pegar minhas roupas depois dos shows e tudo mais que preciso para tomar um banho – shampoo, condicionador, sabonete, toalha – e saio do palco já caminhando diretamente para essa área que fica bem longe de todos. Porque sempre há gente conversando bobagens sobre o show, e estou pouco me fodendo. Sempre dou o melhor de mim, e se eu ferrei com alguma coisa ou algo estava errado, não quero refletir no que todos têm a dizer. Quero refletir no que eu penso e no que eu digo. Então eu me isolo.

Neste dia em particular, eu entrei nesse banheiro extremamente gelado, tinha minha câmera comigo e não fazia idéia do que eu estava para presenciar. Tirei todas as minhas roupas, as joguei num canto para que não pudessem ser vistas. Tirei minha máscara e a joguei no chão. Coloquei meu corpo de bunda pelada no pequeno Box. Tomei um banho, e saí. Foi isso que eu vi.

Essa é a minha máscara, e esse é o porquê se tem que esquecer de todas as idéias fundamentais que te mantém fora do alcance de ter sua câmera consigo o tempo todo. Eu senti que essa foi a epítome do que eu faço. As pessoas querem falar merda sobre nossas máscaras, o que fazemos e a nossa arte. Mas aquela coisa está viva. Essa é a máscara da época de Iowa. Tinha um pentagrama no meu rosto, um “6” cravado na testa e o lado esquerdo do cérebro estava exposto. Eu me cobriria de sangue pelo período daquele álbum. Todo show era como uma performance viva, e quando eu arrancava aquela performance, ela sangrava. Era tão real, e eu tinha de tirar aquilo do meu rosto para sobreviver.

Eu não fiz nada aqui. Todo o cenário é o mundo de todos os meus dias, e eu sinto essa foto – mesmo sendo tirada por uma câmera mais simples e provavelmente não é uma imagem tão boa – isso é vida. É mais ou menos como uma foto de uma cena de um crime. Todos sonham em ser um rockstar e todos querem tudo. Bom, isso resume a minha vida – fria, molhada, cansada, acabada, machucada. Mas ao mesmo tempo é linda, limpa, mortal e perigosa. É tudo, e assim eu me sinto sortudo de ter tirado essa foto. E para mim, é outra experiência de como absolutamente não saber o que vai acontecer e no instante seguinte ter a oportunidade de capturá-la quando aparece, e também ter o instinto de dizer, “Isso é algo que eu preciso conseguir.”

- Shawn Crahan

* Fonte: Headbanger's Blog

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